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Sobre

Mãe Rebeca D'Oxum

Benção a todos, Kolofé, Motumbá, Andaloime, Mucuiú, Saravá! Sou a Yatemin Rebeca d’Oxum, Mãe de Santo, casada, mãe de quatro filhos lindos, e orgulhosamente nascida na Cidade de São João de Meriti, no Rio de Janeiro – Brasil. Não posso iniciar minha biografia, sem dar ênfase aos passos de minha Mãe Carnal, Gina d’ Iansã, pois nossa História no Candomblé, está totalmente entrelaçada!
No ano de 1982, minha mãe foi levada pelo meu pai e minha avó materna, a casa do Sr. Cláudio d’ Oxóssi, da raíz Ketu, no município de Nilópolis, para uma consulta com o Jogo de Búzios, já q estava ficando muito doente, e os médicos não apresentavam diagnóstico algum.
Daí recorreram ao Sr. Cláudio, q logo nas primeiras caídas do jogo, esclareceu q minha mãe era de Iansã, q o que ela tinha era espiritual, e q além disso, ela estava grávida de uma menina, q logo viria a ser Filha de Oxum ( ela não sabia q estava grávida ).
Minha mãe não tinha vivência alguma na Religião Candomblé, frequentava a Igreja, então logo ela não reagiria bem a ideia de que teria q se iniciar.
Mas pelas consequências da vida, ela decidiu dar o primeiro passo, abrindo espaço em seu coração para Iansã, comigo em seu ventre!
E assim, o dia 29 de agosto de 1982, se tornou nosso ponto de partida no Candomblé! O dia de nosso encontro com o Sagrado, o reencontro com nossa Ancestralidade! Enfim Renascemos para o Orixá! Alguns anos depois, vivenciamos o luto por conta da perca daquele q nos “ apresentou” a religião, nosso Babalorixá, saudoso Pai Cláudio d’ Oxóssi.
E agora? Como seguiríamos sem ele?
Mas os Orixás nunca nos abandonam, Eles sempre nos dão uma direção!

Sendo assim, minha mãe começou a desenvolver sua espiritualidade.
Ela e meu Pai trabalharam muito para proporcionar uma vida digna para mim e meus irmãos, e a medida q os anos se passaram, pessoas foram chegando em nossas vidas, em busca de ajuda espiritual, e era o início de nossa família espiritual, onde tive q aprender a “dividir” minha Mãe, com aqueles q vieram a se tornar seus filhos de santo. E consequentemente surgiu nosso primeiro terreiro!

No ano de 1988, eu com 5 anos de idade, fui levada junto com minha mãe e meu pai, ao Ilê de São Bento no bairro Santíssimo, ao encontro do Sr. Luiz d’ Jagun, aquele q abraçou a mim e a toda minha família e q deu continuidade a nossa vida espiritual. Era o início de nossa trajetória no Axé Jejê Mahin, onde pelas mãos de Nosso Pai Luiz, tomamos nossas obrigações, de 5, 7 e 14 anos.

E mesmo muito criança, comecei a receber os ensinamentos de minha mãe e de nosso Babalorixá, onde consequentemente apareceram pessoas nas quais vieram a ser meus filhos de santo, sempre sob os cuidados de minha mãe.

As festividades na casa foram se tornando cada vez maiores e populares. Meus pais lançaram o Programa A Voz de Oyá, na antiga Rádio Mauá Solimões de alcance pelo estado do Rio de Janeiro, e com o alto índice de audiência do programa, com grandes patrocínios, passaram para a Rádio Tropical AM, onde por muitos e muitos anos, lutaram pela nossa Religião, deram voz a grandes nomes do meio religioso e da política, lançaram livros, lutaram contra a Intolerância Religiosa, através de passeatas organizadas também pelo nosso Babalorixá Sr. Luiz, organizaram grandes Eventos em clubes famosos do Rio, para homenagear muita gente boa, referências da Umbanda e do Candomblé do Brasil, e realizaram um grande projeto filantrópico, voltado para as crianças de nossa cidade de São João de Meriti, sem apoio governamental.
Quando completei 14 anos de idade, eu e minha mãe passamos pela Obrigação de 14 anos, foi quando pela primeira vez, “incorporei” ou “recebi” meu Orixá Oxum. E no ano de 1997, passamos pelo luto mais uma vez, com a perca de nosso querido Babalorixá Luiz d’ Jagun.

Foram anos de muita, mais muita tristeza para nossa família, porém o tempo Ele com certeza, nos cura, e assim aprendemos a conviver com a saudade daqueles q fizeram a diferença em nossas vidas!
Anos se passaram, e quando completei 21 anos de idade, eu e minha Mãe, concretizamos nosso Ciclo, com nossa Obrigação de 21 anos, com aquela que com todo Amor e Carinho, passou a ser nossa Mãe, Gaiacú Gamo Lokossí, que na época estava à frente da Roça de Ventura na Bahia. Mas infelizmente, não tivemos tantos anos para desfrutarmos da convivência com ela, Nossa Gaiacú…e a perdemos alguns anos após nossa Obrigação de 21 anos.

Os anos foram passando, e aos 28 anos de idade, engravidei de minha primeira filha, que foi uma felicidade para a Casa no geral! Dois dos meus quatro filhos, são iniciados no Candomblé, por questões também de saúde, mas mesmo assim vejo q foi a melhor decisão, já que além de ter tido a dádiva de seus restabelecimentos, prefiro q eles cresçam com o pensamento de q jamais estarão sozinhos nesse mundo materialista, onde a Maldade e o Ódio cada vez mais se faz presente! Viva Ewá, Viva Frequen e Viva Ogun!

E nesse período, com a chegada da Maternidade, agora não só Espiritual, mas também com um pedaço de mim em meus braços, passei a me dedicar ainda mais a minha Religião. Entendi que a Fé nos impulsiona a prosseguirmos diante das adversidades da vida!

Minha mãe havia passado também pelas percas de seus irmãos carnais, meus tios, em pouco espaço de tempo, e em meio a essas percas tão dolorosas, ela passou por um período de depressão, onde a impossibilitou de realizar seus atendimentos com o Jogo de Búzios.

Por vezes, em minha adolescência, minha mãe me ensinava a “ Arte de Jogar Búzios “, e guardo até hoje em minhas lembranças, momentos muito especiais entre eu e ela, perante sua mesa de Jogo! Onde eu olhava muito admirada, todo seu dom mediúnico, sua altivez e imponência, a facilidade para manusear os búzios e transmitir através das palavras mais certas, uma direção para uma legião de pessoas q aguardavam horas, para receberem ao menos uma palavra de esperança de vida dela… Uma vidência e uma dedicação ao Orixá, que eu sempre achei fora do comum!

E nessa pausa por conta da depressão de minha Mãe, por Amor a tudo aquilo q ela e meu Pai lutaram para construir, que ao meu ver de forma alguma poderia ficar parado, a casa deveria ser movimentada, foi quando tomei coragem, e resolvi “encarar” os fatos e passei a fazer os atendimentos com os Búzios.

A Vida Espiritual é um longo processo de Evolução e que Exige um Estudo Diário, de corpo, de mente, de interpretação de vidas, de caminhos, pois cada indivíduo possui sua Carga Emocional e Espiritual e que são distintas umas das outras.
Aprendi que para oferecer uma ajuda, não posso olhar para o meu próximo com julgamentos, pois perante ao Sagrado somos todos iguais, independente de cor, raça, sexo ou condições sociais.

A alguns anos migrei para Califórnia, por Amor ao meu marido. E mesmo distante da minha terra Brasil, jamais poderia dar as costas para minha Religião. As minhas Raízes continuam fortes dentro de mim. Meus laços com o Kwê da Senhora das Tardes Cor de Rosa é Eterno!

Em janeiro de 2022, perdi o Mais Forte de todos os Super Heróis, o meu Pai Carnal, o Sr. Rui, q era um Ogan de Ogun, q era um Homem de muita Fé e q juntamente com minha Mãe, me ensinaram a ser Forte e Resiliente!

Então com toda essa base de Fé, Amor ao meu próximo, Respeito e Humildade, sigo com minha Missão, mesmo em terras Estadunidenses, pois para Deus e os Orixás jamais existirão fronteiras!
Orixá é Tempo e Movimento